Escolhi "deixar de trabalhar"para ficar em casa com a minha filha. Cansativo, mas muito gratificante, para mim e para ela. Tenho estado sempre presente em todos os passinhos dela, dando-lhe o incentivo e a segurança que todas as crianças precisam. Segurança para fazer as descobertas inerentes à idade dela, vê-la cair e saber que no momento a seguir à queda pode vir chorar para o meu colo. Segurança para estar a brincar e a fazer as experiências dela, e de vez em quando vir ter comigo. Considero isto muito importante para o desenvolver de capacidades cognitivas e emocionais. Acredito que fiz a escolha certa, quando a ouço, toda segura de si.
A Leonor tem sido um bebé fácil de cuidar (não sei se seria assim tão fácil se tivesse ido para uma creche, por exemplo) . Muito irrequieta quando acordada, e só quer andar de um lado para o outro, mas que se deixa ficar na cama cerca de 14 horas por noite. Sempre dormiu muito bem. Ainda não teve doente, e as vacinas que vai levando não lhe causam qualquer transtorno. Muito bem-disposta e alegre. Raramente faz birras, mas quando faz é a sério!
Mas isto de ter a mãe em casa a cuidar dela, implica também o apego (por vezes excessivo) à mãe. A autonomia, também muito importante para a formação da sua pessoa, está comprometida pela minha presença constante? Isto é das coisas que mais me fazem confusão...saber quando é demais a minha tentativa de dar segurança à Leonor.
Está bastante ligada a mim. Às vezes nem o pai quer, quando ele chega a casa, e vem a correr ter comigo. Começa a chorar quando ele tenta interagir com ela. Isto depois passa, com a insistência do pai, mas é uma coisa que me preocupa.
Estaria ela melhor numa creche, onde teria de partilhar o seu mundo com outras crianças?
Como vai ser quando se aperceber que tem uma irmã? Ela já faz muitas festinhas na barriga e dá muitos beijinhos, mas uma coisa é a gravidez, outra é quando tiver um bebé real cá em casa, e toda a atenção deixar de ser para ela. Acho que ela ainda não se apercebeu que eu não tenho um Nenuco na barriga!
Autonomia vs Segurança. Uma questão bastante pertinente para o meu caso. O objectivo de todos os pais (quase todos vá...) é que os filhos vão ganhando uma autonomia para fazer as coisas sozinhos. Mas também que tenham segurança para as fazer. E penso que esta questão não deve ser vista como "ou autonomia ou segurança", mas entretanto, a 4 semanas do nascimento da irmã, começo a ficar preocupada se o meu colo será suficiente para não deixar ir os 18 meses por "água abaixo" e fazê-la retroceder no tanto que ela já desenvolveu. Pode sentir que toda a segurança que lhe transmiti nestes 19 meses foi em vão, porque agora vai sentir-se insegura.
O nascimento de um irmão traz sempre uma dúvida quanto à importância que nós temos na vida dos nossos pais (quem é irmão mais velho sabe disto) e pode voltar tudo o que os pais fizeram contra eles.
A ver vamos como isto vai correr!
Beijinhos