A minha gravidez é de risco. Todas serão. Há 12 anos que sabia disto. Fui aconselhada a não arriscar. Fui aconselhada a sonhar com outras coisas. Era a minha vida que eu estava a arriscar. Mas eu arrisquei...e foi o melhor risco que corri. Correu tudo bem. Muito bem até. Tão bem que me perguntei sempre porque me disseram para desistir de ser mãe.
O meu risco advém do AVC que tive aos 19 anos, o que implica que na gravidez haja da minha parte, cuidados redobrados durante este período. Em todas as gestantes, o risco de ter um AVC é 2,4 vezes superior ao risco de AVC em mulheres não grávidas. No meu caso, este risco aumenta. A gravidez tem de ser planeada e seguida de muito perto pela minha obstetra. Isto implica que tenha consultas e que faça ecografias mais frequentemente. Implica ainda que todos os dias tenha de me injectar com Lovenox. E implica saber que a cada gravidez corro o risco de as coisas darem para o torto!
A gravidez da Leonor correu lindamente, ela nasceu bem e dois dias depois do parto eu já estava em casa. Depressa me esqueci de todos os hematomas com que ficava no fim das injecções! Até aqui tem sido uma criança saudável. Nesta gravidez, já correram 37 semanas e por enquanto também está a correr lindamente. E se tudo correr bem, espero ter mais filhos.
Eu acho que precisaria de coragem para optar por não ter filhos! Ser mãe era um sonho, e eu não me iria sentir realizada enquanto não realizasse esse sonho! Claro que adorava a minha vida antes, a minha profissão, o Pedro, a minha família, os meus amigos, etc. Mas adoro muito mais agora. Sinto-me completa e numa felicidade que nem tem explicação.
Existem mulheres na mesma situação que eu, que optam por não ter filhos, por saberem dos riscos. Eu respeito. A vida é delas, não há como não respeitar. Agora a minha vida iria ficar sempre triste por não ter filhos. Ter filhos, e ser mãe (são 2 coisas diferentes) é muito bom!
É uma aprendizagem, sem dúvida!
Se corro o risco consciente de que estou a colocar a minha vida em perigo? Acho que não. Acredito que seja mais precaução dos médicos do que outra coisa. Mas isso é porque até agora - e já levo 17 meses e 1 semana de gravidez - correu tudo bem, e penso sempre que essa coisa de ter um AVC na gravidez é uma coisa muito distante. Parvoíces, eu sei. Não é tão distante assim e a hipóteses de repetir é mais que muita. Quem me conhece sabe que sou uma negativista por natureza...penso sempre no pior dos cenários...mas na gravidez não...
Estou a realizar um sonho. Haverá coisa mais importante que isto?
Beijinhos
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