abril 19, 2016

Racismo.

Ontem vi com muita atenção o novo programa da Sic "E se fosse consigo?".
Fiquei chocada com as respostas dos miúdos. Os adultos respondem o politicamente correcto. Como se ninguém soubesse que o racismo existe. Talvez também exista dos negros para os brancos, mas eu nunca senti essa descriminação, nem o peso de ser branca. 

Isto de ser negro, ou amarelo, ou vermelho, vai influenciar muito a identidade de cada um. Tal como o ser alto ou baixo, gordo ou magro. Ninguém tem qualquer tipo de responsabilidade na forma como nasce. O que conta são as oportunidades e o que se faz com elas. Estou de acordo. Mas não há as mesmas oportunidades para um branco ou um negro, em Portugal. Mas isto todos sabemos. Aqui há uns anos havia um inquérito a decorrer em Lisboa, e faziam-no no metro, para medir o racismo em Portugal. "Eu não sou racista, mas não queria um filho meu casado com um negro". Não, não foi em 1920. É mais recente. 

E nem me chocou haver um senhor, que disse achar normal a reacção do pai ao ser-lhe apresentado o namorado negro da filha. Nem ninguém se ter metido. Com as coisas que se sabe hoje em dia, é quase arriscar a vida a intrometer-se nestas discussões.

O que mais me chocou foi as respostas das crianças. De uma criança. Negra. Uma menina negra cuja identidade já está marcada pelo estigma. Doeu. Doeu saber que para ela pensar assim, alguém lhe meteu isso na cabeça. Alguém a tratou mal. A uma criança.

Preconceito sempre haverá. Discriminação também. 
Seja porque a colega é gordinha e por isso ninguém a convida para brincar.
Seja porque um menino usa óculos.
Seja porque alguém é muito magro.
Etc.

É mau. Eu sei que é mau. Mas formatar uma criança para pensar que todos os negros são maus, sendo ela negra. Isto é terrorismo. 

Portugal também é um país terrorista?


Beijinhos


2 comentários:

  1. Não sei porquê, mas costuma dizer-se que os portugueses não são racistas. Ouvi dizer isso desde pequenina e eu sou bem mais velha do que a Inês, ainda me lembro de termos colónias africanas e da guerra colonial. Guerra colonial! E, no entanto, dizia-se que os portugueses não eram racistas! Que nunca tinham sido!
    Não sei como se criam estas "lendas". É como a dos brandos costumes. Com tanta violência, todos os dias, não sei como se pode falar de brandos costumes...
    Terroristas? Em certa medida, sim. Porque também há terrorismo sem armas.

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    1. É um racismo disfarçado. Bem pior do que o racismo assumido. Eu nasci em 84, quando já nem se devia ouvir falar em racismo. Mas ouve. E vai continuar a ouvir. O que me escandalizou foi ouvir as crianças...que deviam ser ingénuas e nessa ingenuidade não devia haver cores ou raças ou pessoas más...

      Beijinhos

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